Foto: Montagem autoral
Diz a lenda que o juiz não deve "julgar" e sim aplicar a lei, por isso a justiça é cega e imparcial. Mas não é bem essa impressão passada no filme "Justiça" da diretora Maria Ramos. Mais uma vez ela se supera e surpreende com a realidade brasileira, tão nua e crua para os seus réus brasileiros.
Ao acompanhar o dia a dia dos funcionários do judiciário, como juiz e defensores públicos, também tomamos conhecimento dos casos julgados, somos apresentados a associação ao tráfico, a furtos insignificantes, mães desesperadas e pessoas totalmente abandonadas.
Na minha opinião, uma das passagens mais marcantes é a fala da defensora pública. No jantar com a família a advogada expressa sua frustração com o seu trabalho, depois de um dia cheio ela se depara com um juiz que tenta condenar um indivíduo por uma tentativa de roubo a um mercado, o furto não somava 20 reais. Enquanto defende o acusado ainda escuta de seu colega promotor que no Brasil ninguém vai preso. Quando conta a passagem para a família, sentimos que estava entalado em sua garganta, afinal seu trabalho é enxugar gelo, tantos presos e a superlotação não fizeram do país um lugar seguro.
Veja bem essa singela opinião não é construída em um mundo de sonhos, devemos pagar pelo nossos erros, mas condenar a prisão, por alguns anos, sendo que os presídios são os piores lugares do mundo, uma pessoa que tentou roubar uma mercadoria, é no mínimo drástico demais e real também.
Nessa semana uma mãe foi condenada a roubar comida de um mercado, foi constatado que ela tem 5 filhos e fome, por ela e pelas crianças, mas a justiça cega não viu isso. Apenas a tratou como mais um número, enquanto isso nosso Ministro da Economia tem conta em paraísos fiscais e vive normalmente, para ele a justiça faz o seu papel e aceita a cegueira imposta, para os pobres e pretos ela vê tudo e julga impecavelmente.
Comentários
Postar um comentário